Não era propriamente bonito, mas também não se pode dizer que fosse desagradável à vista.
Nos beijos saiu-se bem, fazia-o com efervescência e intensidade, talvez fosse do nervosismo por estarmos sujeitos a que alguém saísse do centro comercial e nos interrompesse, o que, decididamente, não seria propício, sobretudo quando já estávamos ambos razoavelmente confortáveis no corpo um do outro, com parte da roupa em vias de se disseminar pelas escadas.
Era um risco, sim, mas como ao longo de vários andares o silêncio era apenas quebrado pelos nossos sussuros, geralmente discretos mas nem sempre controláveis, os estilhaços de racionalidade que sobreviviam à alvorada da carnalidade incentivaram-nos a continuar.
O final era previsível, e foi tão rápido e certeiro como o início. Repetir, desenvolver, aprofundar? Eventualmente... “Trocar e-mail? Não vou muito à Internet, a gente vê-se por aí, porta-te bem.”, foi a resposta que me deu, e simultaneamente uma das poucas frases pronunciadas entre (mais) um contacto tão efémero quanto fortuito, um aparente intervalo num vazio que voltou a revelar-se vencedor.
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